Ainda ontem, numa troca de e-mails com a minha Mãe, no fim de uma mensagem sobre os esforços que se fazem todos os dias para esticar a corda, a minha Mãe terminou o e-mail da seguinte maneira...
E viva a classe média! Beijos grandes Mãe
Ora, antes de mais, obrigado pelos beijos Mãe. Mas... o que é isso? Sim, o que é isso de... Classe Média?
Dei-me ao trabalho de procurar o que significa esse conceito, na maior fonte de plágio universitário, a Wikipédia. Segundo esta, a classe média
"é uma classe social presente no capitalismo moderno que se convencionou tratar como possuidora de um poder aquisitivo e de um padrão de vida e de consumo razoáveis, de forma a não apenas suprir suas necessidades de sobrevivência como também a permitir-se formas variadas de lazer e cultura (...)"
Até aqui tudo bem... Mas vamos então lá tentar enquadrar este conceito na sociedade Portuguesa. Tomemos como exemplo um indivíduo do sexo masculino, solteiro, que aufere o ordenado médio, que por estes dias ronda os 600 euros mensais. Já nem vou colocar aqui o
handicap de ser jovem licenciado, porque aí então estaria no desemprego, a ir "beber" dos 1200 euros dos pais... A não ser que fosse filho do Jardim Gonçalves.
"possuidora de um poder aquisitivo e de um padrão de vida e de consumo razoáveis"
Alguém me explica como alguém paga a sua alimentação, renda de casa (seja arrendada ou crédito à habitação), água, gás, electricidade, prestação de carro (por mais "chaço" que seja), combustível para se deslocar, ou pelo menos, gozar do uso do carro, e ainda consegue manter um padrão de vida e de consumo razoável?
"de forma a não apenas suprir suas necessidades de sobrevivência como também a permitir-se formas variadas de lazer e cultura"
Ora, com 600 euros mensais, e tudo o resto dito em cima por pagar, e ainda com um nível de vida e consumo por manter, como é que ainda sobra um cêntimo que seja para "formas variadas de lazer e cultura"?
Posto isto, caros leitores, eu pergunto: onde andas tu, Classe Média, sua marota?