sexta-feira, 25 de março de 2011

Crise política, crise económica... crise de identidade!

Os últimos dias têm sido fortuitos em acontecimentos. PEC4 anunciado, País na rua, PR a assobiar para o ar, PEC4 chumbado, Sócrates sai, Passos Coelho ainda nem programa eleitoral tem e já prometeu aumento de impostos aos seus camaradas europeus do PPE. Esquerda chumba PEC mas critica as consequências, e ataca o futuro Governo. Futuro-ex-partido no poder ataca ex-futuro-partido no poder por implementar as medidas que o próprio queria implementar. Portugal, portanto. É nestas alturas em que não me importava que me retirassem um pouco da minha portugalidade...

Do início...

Meus caros, metam uma coisa na cabeça: Passos Coelho, futuro primeiro-ministro de Portugal (goste-se ou não, resta saber em que quadro político), jamais poderá governar diferente de Sócrates. As empresas públicas estão a ficar sem o dinheiro orçamentado (que deveria durar até 31/12), e antes disso já existe um enorme problema de tesouraria, não há dinheiro suficiente para fazer face às depesas de curto-prazo. Qual a única maneira de ir buscar receita para ontem? Impostos indirectos, e muito com o 13º mês a não sair da esfera contabilística do Estado (provavelmente retendo esses valores em Certificados de Aforro ou Obrigações do Tesouro, habilmente mascarado de "incentivo à poupança").

E, mais que tudo isto, ao contrário do que tenho lido ultimamente, ainda há quem pense que o FMI não vem aí. O FMI e a Comissão Europeia não só vêm, como já cá estão faz tempo. Os sucessivos Programas de Estabilidade e Crescimento não passam de "FMI's às prestações". E melhor prova do que digo é o último post que aqui coloquei, em que quer a Comissão Europeia quer o Banco Central Europeu andaram por cá semanas a fio a meter os "certos" nas nossas contas todinhas a ver se tudo batia... certo. E este PEC4 agora chumbado veio mesmo no seguimento da suspeição que essas duas entidades têm acerca de um potencial buraco orçamental nas nossas contas.

Por tudo isto, e muito mais, mentalizem-se de uma coisa: nós já não nos podemos dar ao luxo de não querer uma intervenção externa, por medo da perda da nossa soberania económica (os puristas que pensassem nisso antes do Euro... welcome to 1997). Nós já chegámos ao ponto em que PRECISAMOS dela. E o futuro primeiro-ministro governará com o FMI ao lado desde o primeiro dia, não tenham a menor dúvida. Será o seu primeiro acto depois de indigitado. Terá de ser. Os juros que pagaremos pelo resgate do FMI serão sempre menores do que os juros que conseguimos hoje no mercado da dívida soberana. Lembro que há 1 ano atrás, nós financiava-mo-nos a pouco mais de 1%, e desde que os mercados começaram a apostar na nossa falência (credit default swaps, um tema para um post à parte...), hoje já nos financiamos entre 8 a 8,5%.

Resta-nos, então, rezar a todas as entidades divinas conhecidas pelo Homem para que o FMI estenda a austeridade que nos espera ao anafado universo de entidades do Estado, qual Jabba the Hut, que alimentam uma série de bounty hunters que pouca ou nenhuma produtividade (ou mesmo utilidade funcional) devolvem como contrapartida do que recebem anualmente dos nossos bolsos.

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